Governo Lula Monitora de Perto Emenda que Limita Poderes do STF
Após o revés com a rejeição do nome de Igor Roque para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU), o governo liderado por Lula está atentamente observando a tramitação de uma emenda constitucional que restringe os poderes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) visa limitar as decisões monocráticas e os pedidos de vistas dos membros da Corte Suprema.
A previsão é que o texto seja votado no plenário em 8 de novembro, após o cumprimento das cinco sessões necessárias para que seja levado a voto. O governo expressa sua confiança de que a oposição não tem votos suficientes para aprovar uma mudança tão significativa no funcionamento do tribunal.
Para que a PEC seja aprovada, são necessários votos favoráveis em dois turnos, totalizando pelo menos 49 votos. As decisões monocráticas referem-se às determinações feitas por um único ministro, capazes de suspender a eficácia de uma lei e até mesmo anular um ato do presidente da República, do Senado ou da Câmara.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) demonstrou ceticismo sobre a aprovação da emenda e afirmou que o governo está observando atentamente o processo e avaliando a disposição do plenário. “Não temos nem certeza se essa proposta será votada, mas vamos acompanhar”, declarou Carvalho.
Por outro lado, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), expressou sua oposição ao conteúdo da emenda. Ele argumentou que a proposta é prematura, dado que o STF acabou de implementar várias reformas regimentais que vão ao encontro do que os senadores estão buscando. Costa também expressou preocupações sobre a transferência do embate entre Executivo e STF para o Senado, o que poderia favorecer a extrema direita.
A inclusão da PEC na pauta gerou controvérsias entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). Hoffmann acusou Pacheco de estar servindo aos interesses da extrema direita, enquanto Pacheco argumentou que tentar rotular uma proposta legislativa como de direita ou esquerda para desqualificá-la é simplista e equivocado. A discussão em torno dessa emenda promete ser acalorada, refletindo as complexidades políticas que envolvem a relação entre os poderes no Brasil.
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