Ex-presidente transfere por receio da política econômica de Lula.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter realizado uma transferência financeira para uma conta nos Estados Unidos, conforme revelado pela investigação da Polícia Federal (PF). Segundo a PF, Bolsonaro efetuou uma operação de câmbio em 27 de dezembro de 2022, transferindo R$ 800 mil para um banco norte-americano, onde mantinha uma conta.
Em um vídeo divulgado, Bolsonaro, visivelmente sorridente, confirmou a transação e criticou as conclusões da PF. Ele argumentou que nenhum ditador ou golpista enviaria dinheiro para uma nação democrática que bloquearia quaisquer fundos provenientes de um regime ditatorial. Bolsonaro justificou o envio dos valores ao exterior alegando receio da política econômica proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem se referiu como “mandatário de esquerda”.
“Segundo a Polícia Federal, enviei R$ 800 mil para os EUA na espera de um golpe. Enviei sim, da minha poupança do Banco do Brasil para o BB América. O dinheiro continuou em banco brasileiro”, afirmou o ex-presidente. Sobre as suspeitas da PF, ele ironizou, dizendo que o último país onde um golpista enviaria recursos seria os Estados Unidos, país democrático.
Bolsonaro enfatizou que o procedimento não é crime, salientando que muitos brasileiros o fizeram por receio da política econômica de Lula. “Em 2023, brasileiros enviaram 2,1 bilhões de dólares para fora do país, não é crime. Fizemos isso, assim como outros, devido às dúvidas sobre a política econômica do atual presidente de esquerda”, concluiu.
Após a quebra do sigilo bancário de Bolsonaro, a Polícia Federal revelou que, após a transferência dos R$ 800 mil para os EUA, o ex-presidente ficou com um saldo negativo de R$ 111 mil em sua poupança no Brasil. Esse valor foi posteriormente coberto com recursos de um fundo de investimentos mantido na mesma instituição. A análise financeira da movimentação levou a PF a concluir que Bolsonaro buscava garantir sua permanência no exterior até o desfecho de um processo de golpe que estava em curso.