Disputa Cultural: Caruaru e Campina Grande Competem pelo Maior São João
Com a chegada dos festejos juninos, renasce o velho debate: Caruaru, em Pernambuco, ou Campina Grande, na Paraíba, qual dessas cidades possui o maior São João do mundo? Para esclarecer essa disputa, a Folha de Pernambuco entrevistou Estevam Machado, pesquisador e historiador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que ponderou sobre a complexidade da questão.
“É difícil cravar uma resposta definitiva”, explicou Machado, destacando que a popularização dos festejos em ambas as cidades começou a ganhar destaque a partir da década de 1980, impulsionada pelo incentivo do poder público. “As festas juninas sempre existiram, porém de forma espontânea e descentralizada. A partir dos anos 80, houve uma mudança com a promoção do turismo de festas pelas prefeituras, visando atrair visitantes e investimentos”, afirmou o pesquisador.
Além do investimento público, artistas populares também contribuíram para a projeção nacional desses eventos. “A música ‘Capital do Forró’, do Trio Nordestino, por exemplo, surge nesse contexto, exaltando Caruaru como a capital dos festejos juninos”, acrescentou Machado.
Caruaru e Campina Grande, além da disputa pelo título de maior São João, compartilham semelhanças históricas e geográficas significativas. Ambas localizadas no Agreste, são centros econômicos regionais com indústrias têxteis, pecuária robusta e setores de serviços bem desenvolvidos.
Quanto à infraestrutura para os eventos, tanto o Parque do Povo, em Campina Grande, quanto o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, em Caruaru, foram projetados para acomodar grandes multidões de maneira organizada e segura. “Criar esses espaços permite um melhor controle do fluxo de pessoas, comércio e segurança pública, além de proporcionar uma visibilidade única aos eventos culturais”, explicou o pesquisador da UFPE.
Em termos econômicos, Caruaru e Campina Grande também demonstram impactos positivos significativos durante seus festejos. Em 2023, Caruaru movimentou mais de R$ 620 milhões ao longo de 65 dias de festa, gerando mais de 15 mil empregos diretos e indiretos. Já Campina Grande, em seu São João de 2023, que marcou 40 anos de tradição, movimentou mais de R$ 500 milhões durante 32 dias de festividades, com a criação de 5 mil empregos diretos e indiretos.
Assim, enquanto a rivalidade pelo maior São João do mundo continua, Caruaru e Campina Grande celebram não apenas suas festas juninas, mas também a riqueza cultural e econômica que esses eventos proporcionam às suas comunidades.