Uma nova ferramenta de edição genética que permite programar o RNA para se adaptar a qualquer sequência genômica desejada foi anunciada por pesquisadores do Arc Institute, na Califórnia. A pesquisa, publicada na revista científica “Nature” nesta quarta-feira (26), destaca o mecanismo inovador chamado “recombinase de ponte”, que oferece uma forma mais precisa e eficiente de reorganizar o DNA de maneira programável.
A edição genética envolve técnicas que permitem alterar o DNA de um organismo. O DNA, ou ácido desoxirribonucleico, é a molécula que contém todas as informações necessárias para o crescimento, funcionamento e reprodução dos seres vivos.
Uma das técnicas mais conhecidas é o Crispr, que funciona como uma “tesoura genética”, permitindo cortar e modificar partes específicas do DNA. Isso possibilita que a célula produza ou não certas proteínas, com aplicações que vão desde a medicina personalizada até o desenvolvimento de plantas resistentes a pragas.
O estudo do Arc Institute revelou a primeira recombinase de DNA que utiliza um RNA não-codificante para a seleção específica de sequências de DNA. Esta recombinase, chamada de “RNA de ponte”, é um tipo de RNA programável que permite especificar qualquer sequência genômica desejada e qualquer molécula de DNA a ser inserida.
A recombinase de ponte surgiu a partir de elementos de sequência de inserção (IS110), que se movem dentro e entre genomas. Quando o IS110 é extraído de um genoma, as extremidades não-codificantes do DNA se unem para produzir um RNA que se dobra em dois loops. Um loop se liga ao IS110 e o outro ao DNA onde o elemento será inserido. Cada loop é programável de forma independente, permitindo a combinação de quaisquer sequências de DNA alvo e doador.
“É como se o RNA de ponte fosse um adaptador de energia universal que torna o IS110 compatível com qualquer tomada”, explicou Nicholas Perry, coautor do estudo.
A nova técnica promete modificar o material genético por meio de inserção, excisão e inversão, oferecendo uma alternativa ao Crispr. Segundo Patrick Hsu, autor sênior do estudo, a recombinação de ponte pode modificar totalmente o material genético e se tornar fundamental para a programação genética.
Com maior exploração e desenvolvimento, a recombinase de ponte pode inaugurar a terceira geração de ferramentas de edição genética guiadas por RNA, expandindo os procedimentos atuais de Crispr e interferência de RNA.
“A capacidade de reorganizar de forma programada quaisquer duas moléculas de DNA abre portas para avanços no design do genoma”, destacou Matthew Durrant, coautor do estudo.
Essa nova técnica de edição genética tem o potencial de transformar o campo da biologia molecular, oferecendo uma ferramenta mais versátil e precisa para a modificação genética.