O ceramista José Edvaldo Batista, mais conhecido como Mestre Zuza, é um renomado artesão e santeiro de 65 anos da cidade de Tracunhaém, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Sua carreira completa 50 anos este ano e para celebrar essa marca, ele inaugurou uma exposição intitulada “Mestre Zuza 50 anos: do artesanato figurativo ao utilitário”. O evento ocorreu como parte da 23ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), realizada no Centro de Convenções em Olinda. A exposição exibe suas principais obras feitas à mão e estará aberta ao público até 16 de julho, com horários de visitação de segunda a sexta-feira, das 14h às 22h, e nos sábados e domingos, das 10h às 22h.
Mestre Zuza, um historiador e Patrimônio Vivo de Tracunhaém, é conhecido por seu habilidoso trabalho com o barro. Sua conexão com a cerâmica começou em casa, onde seus avós e pais estavam envolvidos com a cerâmica utilitária desde a década de 1920. A maioria de seus irmãos também se tornou ceramistas, e juntos eles formaram a primeira associação de artesãos de Tracunhaém.
Sua cerâmica é distintiva e diversificada, influenciada pelas tradições familiares e pela rica cultura ceramista da região. Mestre Zuza desenvolveu um estilo próprio com estética única e criatividade. Ele se tornou conhecido como santeiro, produzindo esculturas de santos de barro com uma abordagem que incorpora características indígenas e afro-brasileiras, distanciando-se do padrão religioso europeu. Suas peças muitas vezes retratam figuras santas com traços, vestimentas e elementos culturais do Nordeste brasileiro, aproximando-as da realidade do povo local.
Ele é especialmente reconhecido por suas representações das beatas, mulheres rezadeiras da Zona da Mata de Pernambuco, que trazem elementos das tradições religiosas locais, indígenas e afro-brasileiras. Além disso, suas esculturas xipófagas, conectadas por imagens relacionadas à cabeça, são notáveis por sua simplicidade, uso de materiais como palitos e canetas, e sua valorização da arte popular e da simplicidade. As obras de Mestre Zuza também incorporam elementos culturais e históricos, como as roupas de barro que lembram rendas de bilro, inspiradas nas tradições portuguesas, e traços que remetem ao voto de pobreza.
Em 2018, dois pesquisadores da Universidade de Indiana nos Estados Unidos, Henry Glassie e Pravina Shukla, lançaram um livro que destacava a carreira de Mestre Zuza, comparando seu trabalho ao de Pablo Picasso devido à sua capacidade inovadora e à representação da realidade social em suas peças. Mestre Zuza é um tesouro vivo da arte e da cultura pernambucana, representando uma rica herança de cerâmica e tradições culturais na região.
Acompanhem a gente no youtube: https://www.youtube.com/@celebspe/videos