Impacto das Mudanças Climáticas: Indústria da Moda em Risco de Perder Bilhões de Dólares e Empregos.
De acordo com um recente estudo conduzido pela Universidade Cornell em colaboração com a gestora de investimentos Schroders, a indústria global da moda enfrenta um futuro incerto, com riscos significativos causados por condições climáticas extremas. O estudo prevê que quase um milhão de empregos poderão deixar de ser criados devido à desaceleração da produtividade, resultado do impacto esperado das condições climáticas adversas.
Países como Bangladesh, Paquistão, Vietnã e Camboja, que são importantes produtores de vestuário, estão particularmente em risco. Estima-se que essas nações possam perder até US$ 65 bilhões (cerca de R$ 316 bilhões) em lucros até 2030, juntamente com uma queda de 22% nos rendimentos das exportações. Essa perda terá um impacto econômico mais amplo, como revelado pelo estudo divulgado.
À medida que as temperaturas aumentam e as inundações se tornam mais frequentes, os pesquisadores recomendam que as marcas de moda que dependem desses países tomem medidas proativas para garantir o bem-estar dos trabalhadores. Isso inclui a alteração dos horários de trabalho e a garantia de descanso e hidratação adequados em resposta às perturbações previstas.
Os quatro países asiáticos estudados, Bangladesh, Paquistão, Vietnã e Camboja, desempenham um papel significativo na indústria, representando 18% das exportações globais de vestuário, mais de 10 mil fábricas de vestuário e calçado, além de empregar mais de 10,6 milhões de trabalhadores industriais.
No entanto, essas regiões são profundamente vulneráveis à crise climática, enfrentando temperaturas extremas e umidade em centros de produção de vestuário como Dhaka, Phnom Penh, Karachi, Lahore, Ho Chi Minh City e Hanói. Além disso, o aumento das inundações costeiras e fluviais representa um risco significativo.
O estudo projeta um custo de US$ 65 bilhões até 2030 caso nenhuma ação seja tomada. No entanto, se os proprietários das fábricas adotarem medidas proativas para reduzir o estresse térmico dos trabalhadores, parte dessa perda de renda poderá ser evitada.
Os autores do estudo fazem um apelo às empresas e reguladores para protegerem os trabalhadores, considerando eventos climáticos extremos como sérios riscos à saúde e oferecendo licença remunerada e direito de suspensão do trabalho. Além disso, sugerem que as marcas de moda considerem auxiliar os fornecedores na mudança de instalações para locais menos vulneráveis.
O estudo também enfatiza que as empresas que planejam retirar completamente seus fornecedores dessas regiões podem enfrentar dificuldades na construção da capacidade de produção em larga escala que atualmente desfrutam no Sul e Sudeste Asiático.
Diante desses desafios, os pesquisadores instam as empresas a reconhecerem a importância de investir agora, pois a falta de proteção contra condições climáticas extremas representa um problema significativo tanto para os fabricantes quanto para os trabalhadores.